Nova tecnologia da garrafa, reutilizar e reciclar
Soam sinais de alarme. O combate à pegada de carbono, no mundo do vinho, passa, passará por alternativas às garrafas de vinho. Sem incluir a lata.

Soam sinais de alarme. O combate à pegada de carbono, no mundo do vinho, passa, passará por alternativas às garrafas de vinho. Sem incluir a lata.
Ao contrário do mundo dos destilados e da cerveja, mais liberto de amarras, a indústria vinícola é muito ligada à tradição, e de pouco entusiasmo ao novo.
Mas, tal como as coisas estão não há lugar para fugas à dura realidade e alguns dos grandes nomes do vinho, procurem alternativas mais ecológicas do que a garrafa de uso único.
Porque o problema é este. Tem sido amplamente aceite que a maior contribuição para a pegada de carbono de um vinho vem, não das práticas da vinha ou da adega, mas da energia utilizada durante o fabrico e transporte da própria garrafa de vidro, da adega ao consumidor final.
E está a tornar-se cada vez mais claro que devem ser tomadas todas as medidas a fim de assegurar a viabilidade futura da viticultura, reduzindo as emissões de gases de estufa, mas em vez de reduzir, estamos a aumentar e a caminhar perigosamente para perto da zona de desastre, que dizimará metade do actual território vitícola mundial.
Em todo o mundo, um movimento em prol da reutilização de garrafas de vinho está a ganhar força. E em certa medida, parece estranho que tenha demorado tanto tempo.
Mas, na realidade, não demorou - acabámos de abandonar a prática quando a tecnologia, a conveniência e a abundância de oferta nos permitiram fazê-lo.
Vivendo períodos críticos de escassez garrafas e profusão de adversidades - crise económica, guerras - torna-se necessário que os consumidores levem as suas garrafas usadas e lavadas aos produtores para serem reabastecidas. É um conceito que não é de hoje, mas está em desuso.
E já há várias ações nesse sentido.
A City Winery, cadeia de mais de uma dúzia de restaurantes, lançou oficialmente um programa de garrafas de vinho reutilizáveis em que dá aos participantes um crédito de 5 dólares para a sua próxima garrafa. (Uma vez devolvida, a garrafa é lavada e higienizada, depois enchida de novo).
“Esperamos que isso ajude a criar um ciclo de comportamento do consumidor que mude a forma como as pessoas pensam beber vinho em casa. E apercebemo-nos que nunca irá substituir uma garrafa de grandes vinhos que precisa de 10 anos na cave. Destina-se a vinho jovem e fresco".
Diana Snowden Seysses, uma enóloga do Domaine Dujac da Borgonha e do Napa's Snowden Vineyards and Ashes + Diamonds, ao oferecer o seu Merlot biodinâmico de 40 dólares, incita ativamente os clientes a trazerem a garrafa de volta para lavagem e reenchimento.
Em Sonoma, Caren McNamara fundou a Conscious Container, numa tentativa de "recolher todas as garrafas de vinho indesejadas, usadas ou rejeitadas para lavar e reutilizar ou para reciclagem", observando que 75 por cento do vidro nos EUA acaba em aterros sanitários. Após alguns programas piloto, McNamara começou a recrutar adegas na área da baía, dispostas a enviar o seu excesso de garrafas de vinho para serem limpas e distribuídas a adegas menores com desconto.
Outra redescoberta ecológica para a indústria é o conceito de oferecer - e desfrutar - o vinho em barril (wine-on-tap)
"O conceito de oferecer vinho em barris não é novo", diz Bruce Schneider, co-fundador do Projecto Gotham com Charles Bieler. "Os produtores de vinho de todo o mundo têm oferecido vinho a partir de pipas por alguma forma de torneira, durante centenas de anos.
Porque os barris duram mais de 40 anos, há uma enorme oportunidade de conservar energia. A partir das análises do ciclo de vida realizadas, em cada copo de vinho que servido na torneira versus o da garrafa, temos no mínimo uma redução de 35 por cento na produção de carbono. E se pensarmos que um barril é o equivalente a 26 garrafas, começamos a ter uma ideia da quantidade de carbono que podemos poupar".
Bieler e Schneider sabiam que a tecnologia estava à altura da tarefa, mas estavam preocupados com a ampla aceitação da indústria, especialmente porque se estavam a concentrar no "lado mais nerd do vinho".
Até agora, Gotham eliminou 6 milhões de garrafas de 750 ml com o programa wine-on-tap, diz Schneider.
Desfrutar de um copo com um lado de poupança de energia e dinheiro é melhor para todos. Portanto, em breve poderá não ser apenas uma questão de fazer a coisa certa, mas de fazer a única coisa que podemos fazer.
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