Descritores do vinho menos influentes e vinho fora da refeição
Manuel Moreira • 4 de março de 2021
Mudança de prioridades levou a que os consumidores de vinho no UK sejam menos influenciáveis aos descritores do vinho e à relação do vinho com a gastronomia.

Ainda que a alterações de estilo de vida introduzidas pelo Covid, os consumidores de vinho no UK, mantiveram-se constantes nas suas compras e em alguns casos a comprar mais quantidade e de melhor qualidade.
As compras online e nos supermercados
assim como ocasiões de consumo, em especial o consumo sem comida, fazem parte dessas alterações na relação com o vinho.
Outra alteração mais recente, comparando os padrões de consumo e compra entre 2019 e 2020, relaciona-se com motivações e standards de decisão de compra.
O inquérito de consumo no UK da Wine Intelligence, revela algumas alterações com significado, que irão para além da atual crise.
Tendo em conta as anteriores pesquisas que referem que a compra in-store é cada vez mais sensível no tempo de permanência na loja, no percorrer das prateleiras e na leitura dos rótulos, a Wine Intelligence
considera que em 2020 há cada vez menos consumidores do UK que se deixam influenciar pelos descritores do vinho
em comparação a 2019.
Para ler a informação do vinho
é necessário tempo, ter disposição para ler essa informação assim como não se importar em bloquear o corredor.
Os dados revelam o aumento do consumo em momentos fora da refeição o que têm sido, em boa medida, o motor do crescimento da categoria,
indicando, por outro lado, uma menor influência da ligação entre o vinho e gastronomia se comparando ao ano anterior.
Esta situação abre as portas a oportunidades para novas ocasiões de consumo. E a novos estilos de vinho.
Existe a menor influência do nível do teor de alcoólico na escolha do vinho.
Hipótese provável, aponta-se o fato de os consumidores ao beberem mais em casa estarem menos preocupados com o teor de álcool dos vinhos. Menos necessidade de viagem, em especial a condução.
No longo prazo a importância da decisão de compra atendendo aos níveis de álcool, em especial vinhos de teores alcoólicos mais reduzidos, terá a ver com razões de saúde e bem-estar. Mas, no curto prazo, outras questões de saúde e bem-estar têm a primazia relativamente à questão do álcool.
Outro aspeto é o fato de em tempos de crise, no comportamento humano, recorre-se ao que é seguro e ao que é familiar. Desde março de 2020, os consumidores de vinho têm feito exatamente isso, escolhendo marcas mais conhecidas em detrimento de algo novo. Elementos mais requintados como o design de rótulos tornam-se a menor das preocupações.
Como conclusão, o relatório refere ser difícil perceber se estes comportamentos se tratam ou não de alterações a longo prazo. No entanto, mesmo esses períodos de curto prazo podem ser levados em consideração de acordo com a evolução das circunstâncias, com influência na rotulagem, nas formas mais eficazes de promover e comunicar com os consumidores nos próximos 12 meses.
Fonte: Wine Intelligence